POR QUE NÃO TE CALAS, RAUL:
19/05/2016
Cel PAES DE LIRA novembro de 2007
O Estatuto do Desarmamento foi aprovado em 23/12/2003, pelo pouco democrático modo da votação simbólica de lideranças, quase na noite de Natal, com o Congresso praticamente às moscas. Seus proponentes, para coroá-lo, inseriram-lhe um Referendo, ladinamente idealizado como um “show” político que resultaria na proibição pura e simples do comércio lícito de armas e munição e, portanto, na criminalização absoluta da autodefesa.
Contra as expectativas de muitos, a população brasileira atendeu o chamamento para manifestar-se e, recusando servir de carneiros, sessenta e cinco por cento dos votantes disseram Não. Negaram referendar o dispositivo que havia sido aprovado na calada da noite, desautorizando os infiéis representantes que urdiram essa votação em círculo fechado.
Hoje, na primeira oportunidade que se abre, no pós-Referendo, para o aperfeiçoamento do Estatuto, incorporando-lhe a decisão da maioria, os mesmos desautorizados vêm a público, clamando que eles sim estavam certos, não a sociedade. Eles sabem o que é bom para o povo, e não o próprio povo. Rotulam como conquista a sua imposição. Não! Conquista foi dar-se ao povo o direito de participar opinando sobre leis impostas. Querem torpedear essa conquista e decretar agora que o Referendo não aconteceu, nada gerou, nem precisa gerar, pois contrariou seu alto e soberano entendimento sobre o objeto da consulta. Querem frustrar a maioria vencedora, que anseia por votos a favor do Relatório do Deputado Pompeu de Mattos. Querem negar que a real questão é o acatamento do resultado da primeira consulta popular da História recente do País.
A população não falhou, pois entendeu muito bem o plano dos criadores do Estatuto. Contra tudo e todos, dos bem-pensantes da esquerda aos oportunistas, contra a mídia e os “iluminados” em geral, formou sua própria opinião e votou Não. Estão lembrados disso os então defensores dos princípios democráticos de ampla consulta ao povo? Ou uma Consulta Popular só é válida quando confirma a sua inefável sabedoria? Quando a contraria, decretam que ela não aconteceu? Pois o nome simples para tal atitude é ditadura, sob cuja opressão pode-se agir sem prestar contas, pode-se frustrar a todos e logo em seguida voltar com a cara lavada, desde que se consiga um acordo com a elite autoritária do poder. O que estão fazendo, em simples e direta verdade, é agir como velhos autoritários, como pequenos ditadores que somente prezam seu próprio interesse. Traem a decisão do povo que eles mesmos convocaram a opinar. Mas isso, não se iludam os falsos democratas, expõe ao público o seu autoritarismo.
E alguns deles talvez pensem que será oportuno mudar a Constituição via nova Consulta Popular, premiando a aprovação altamente circunstancial de Lula com mandatos ilimitados. Para tanto, terão de enganar o povo mais uma vez, o que certamente não lhes será empecilho. É de temer-se o que farão se ganharem e, mais ainda, o que farão se perderem. Que seus interesses sejam verbalizados neste momento pela figura de Raul Jungmann dá bem a dimensão de como tratam a população brasileira. Ele se presta bem a tal papel, representa bem a sua face e os seus pseudo-ideais. Ele e seus parceiros perderam o Referendo, foram derrotados pelo povo por dois terços dos votos. Esperar que autoritários acatem a vontade da maioria, por sobre a sua, parece inútil, mas não se pode calar a verdade. O que estão fazendo é isto mesmo: trair a democracia e uma decisão popular expressa nas urnas.
Por que não te calas, Raul!?