Armas para quê?

Leonardo Arruda

Diretor de Suprimentos

Associação Brasileira Pela Legítima Defesa

 

Vou fazer-lhes uma pergunta: Armas para quê? Para lutar contra quem? Contra o Governo Revolucionário, que tem o apoio de todo o povo?… Armas para quê? Tem alguma ditadura aqui? Vão lutar contra um governo livre, que respeita os direitos do povo? Agora que não tem censura, e que a imprensa é inteiramente livre, mais livre do que nunca antes, e além disso tem a segurança de que o seguirá sendo para sempre, sem que volte a haver censura aqui? …

Trecho do discurso de Fidel Castro pronunciado em sua chegada a Havana no dia 8 de janeiro de 1959

O título deste artigo remete ao famoso discurso de Fidel Castro ao povo cubano em que ele anunciou a proibição total do uso de armas por civis. Não por acaso, é também o título de um livro do conhecido desarmamentista do Viva Rio, Antônio Rangel Bandeira. Veja o leitor, portanto, que é um título recheado de simbolismo.

Para os esquerdistas de todo mundo, a posse individual de armas não pode ser tolerada (*).

O motivo é muito simples: como implementar o socialismo numa população armada? Como implementar um governo necessariamente totalitário e opressor num povo armado? Quando um povo está armado, só um regime funciona: a democracia. A alternativa é o banho de sangue. Paradoxalmente, as primeiras restrições ao uso de armas por civis nas democracias ocidentais começaram na década de 1920, devido ao pânico criado pela Revolução Bolchevique de 1917 na Rússia.

A importância que a esquerda dá ao desarmamento não tem correspondente na direita brasileira. Isto é um tremendo erro de cálculo. Os conservadores no Brasil tendem a achar que a questão da posse e uso de armas é uma questão secundária, “coisa de criança” dizem alguns, ou até mesmo “coisa de ignorantes”. Essa atitude blasé não pode estar mais errada.

Basta vermos a histeria que algumas portarias sobre o assunto editadas por Bolsonaro causou na mídia, entre congressistas e entre os doutos ministros do STF. Notem que o Estatuto do Desarmamento (ED) não foi revogado e, evidentemente, as portarias editadas não podem ir contra esta Lei. Basicamente, as portarias de Bolsonaro apenas diminuíram a burocracia envolvida no processo de aquisição e registro de armas. O que antes levava de um a dois anos, agora fica pronto em 60 dias. Só isso. Todos os requisitos e exigências constantes no ED continuam vigentes (as punições também). Pela gritaria vemos o quanto essa questão é importante para a esquerda. Ao contrário de nossa direita blasé, para a esquerda este é um assunto muito sério.

Em sua justificativa para cancelar uma decisão do Poder Executivo que reduzia o imposto de importação para armas curtas, o ministro do STF Edson Fachin foi muito explícito: “O risco de um aumento dramático da circulação de armas de fogo, motivado pela indução causada por fatores de ordem econômica, parece-me suficiente para que a projeção do decurso da ação justifique o deferimento da medida liminar”.

O texto é exemplar da ignorância e do pavor que a esquerda tem sobre a presença de armas na sociedade (lembro ao leitor que Fachin foi cabo eleitoral da então candidata a presidência Dilma Roussef). A ignorância do ministro pode ser vista pela ideia pueril de que retirando-se o imposto de importação as armas ficarão mais baratas. O pavor pode ser visto pelo seu temor elitista de que o “populacho” (nós) não pode ter armas. A esquerda sabe do que está falando.

É verdade que através de portarias Bolsonaro liberou diversos calibres de armas curtas mais potentes, armas estas que eram consideradas proibidas para civis desde 1934. Esta classificação, eufemisticamente chamada pela imprensa de “armas exclusivas das Forças Armadas” (o que não é verdade), foi estabelecida por decreto pelo então ditador Getúlio Vargas, que ficou apavorado com o poder de fogo exibido pelos paulistas na Revolução Constitucionalista de 1932. Como todo ditador que se preze, ele também quis desarmar o povo.

Infelizmente, por pressão dos militares, Bolsonaro não pode cumprir uma promessa de campanha que era liberar o uso de fuzis para o homem do campo. Não só os esquerdistas, mas nossos militares têm medo do povo armado.

A intelectualidade botocuda faz tudo para que a direita inocente mantenha seu desprezo pelo assunto armas. Uma de suas prioridades é não mostrar a realeza europeia e o jet-set mundial caçando ou praticando algum esporte do tiro. Você certamente não verá notícias desse tipo na revista Caras. A última coisa que eles querem é que nossa classe média enxergue os esportes com armas como algo chique. Melhor ela continuar pensando que arma é coisa de polícia ou de bandido. No entanto, é essa gente nobre e endinheirada que mantém vivos os ateliês centenários de armas sob medida, tais como as chiquérrimas casas Holland & Holland, J. Purdey & Sons, Antonio Zoli, John Rigby & Co, etc. O leitor provavelmente já ouviu falar nos cristais Swarovski, mas duvido que saiba que este fabricante também faz conceituadas miras telescópicas para fuzis de caça. Não sabia? Pois é: você foi “poupado” deste conhecimento pernicioso por nossa imprensa ativista.

Enquanto nossos conservadores não derem a mesma importância que a esquerda dá a questão das armas, a democracia e o sistema capitalista no país não estarão seguros.

Por isso aqui vai minha recomendação: se o leitor ainda não tem, compre uma arma de fogo imediatamente. Não importa se você não gosta de armas ou as acha perigosas. Deixe-a dentro de uma gaveta trancada. É pelo bem do Brasil. Pense no país que você vai deixar para seus filhos e netos. Hoje, apenas 0,5% da população brasileira possui armas (armas legais, é claro). Para assegurarmos uma democracia, no mínimo 5% da população deve estar armada. Se você as acha muito caras (o que é verdade, a carga tributária é absurda) compre uma de segunda mão. A burocracia será a mesma, mas o preço será bem menor. Com os novos decretos, muita gente quer vender sua arma antiga para comprar uma mais potente. Aproveite esta oportunidade. Quanto mais gente armada, mais difícil será o confisco e mais segura estará nossa débil democracia.

Além disso, lembre-se do ditado popular: melhor ter e não precisar do que precisar e não ter.

Lute pelo direito de ter armas. Dê a este assunto a mesma importância que a esquerda dá.

 

(*) Há exceções: O ex-presidente do Uruguai, José Mujica é a favor do povo armado, assim como o brasileiro Partido da Causa Operária (PCO). Ambos defendem a posse de armas para implementar a “verdadeira revolução popular”.

 

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