Vale a pena ler a entrevista de Carlos Alberto da Costa Gomes, que trata de aspectos interessantes sobre o aumento da criminalidade na Bahia. São aspectos politicamente incorretos. Comenta a infelicidade de uma declaração do Lula e demonstra que o que existe não é o crime organizado, mas sim o Estado desorganizado.

    [img:Marca_topoCorreioBahia_1.gif,full,alinhar_esq_caixa]PINGUE-PONGUE/Carlos Alberto da Costa Gomes

    As últimas chacinas não obedecem ao padrão do tráfico

    Um erro de concepção no combate à violência está na gênese do crescimento do número de homicídios em Salvador. Enquanto mal consegue elucidar os assassinatos, a polícia baiana faz mau uso da inteligência e do patrulhamento preventivo na periferia para impedir o avanço da criminalidade.

    Esta é a opinião do coordenador do Observatório de Segurança Pública da Universidade Salvador (Unifacs), Carlos Alberto da Costa Gomes, tido como um dos principais especialistas em violência urbana na Bahia.

    Ele acusa, ainda, a falta de transparência por parte do estado na divulgação de dados referentes à criminalidade. A seguir a tendência de intensificação de chacinas e a ineficácia policial, Costa Gomes, doutor em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-maior do Exército, considera que a capital baiana chegará rapidamente à mesma situação do Rio de Janeiro: ter territórios completamente dominados pelo tráfico de drogas. “Se chegarmos a esse estágio, estaremos numa situação mais difícil. Temos uma estrutura para combater os traficantes ainda pior do que a do Rio de Janeiro”, afirmou, em entrevista ao Correio da Bahia, ontem à tarde, em sua casa, no bairro de Brotas.

    Veja a entrevista a seguir

    Flávio Costa

    Correio da Bahia – Diante do quadro de criminalidade em alta em Salvador, qual o maior desafio da polícia baiana?

    Carlos Alberto da Costa Gomes – No momento, a maior responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública é impedir que sejam criados territórios excludentes da cidadania, dominados pelo tráfico de drogas, como acontece no Rio de Janeiro.

    CB – As últimas notícias sobre chacinas em bairros periféricos já não indicam que chegamos a este estágio?

    CG – Não, ainda é um movimento muito disperso. Não como acontece em partes já conhecidas do Rio de Janeiro, a exemplo do Complexo do Alemão (conjunto de morros dominado por traficantes), onde se sabe que a polícia não entra de jeito nenhum.

    CB – O senhor falou em um discurso realizado semana passada, na Câmara de Vereadores, que o confronto é a alternativa da polícia para impedir o domínio dos traficantes. A que tipo de confronto o senhor se refere?

    CG - É preciso não tolher a ação do Estado no momento em que ela é necessária. Não vai ser com movimento social, com passeata pela paz que vamos desarmar estas quadrilhas. Este é um aspecto fundamental. É preciso confrontar agora, para que não seja mais difícil fazer isso no futuro. Salvador está na contramão do Brasil em número de homicídios. Em outros lugares, a polícia está tentando liberar áreas dominadas pela criminalidade. E aqui, elas estão sendo conquistadas pelo crime.

    CB – O senhor concorda com a fala do presidente Lula que afirmou, em visita a Salvador, que a polícia baiana entrará na “tropa de elite” da segurança pública?

    CG – Veja bem, isto tudo é questão de concepção. A fala do presidente representa uma concepção de segurança pública de prender o criminoso e não uma visão de evitar que o crime aconteça. Esta última também é uma forma de confronto contra a criminalidade. A palavra que o presidente usou é péssima: tropa de elite está ligada a uma polícia que julga e mata sumariamente. É uma afirmação bastante infeliz.

    CB – Há estudiosos que defendem uma intervenção mais incisiva do governo federal na Bahia, como o envio de tropas da Força Nacional de Segurança Pública. É uma alternativa?

    CG – Nós não temos uma polícia preventiva, não temos uma polícia investigativa. Para que a gente precisa da Força? Nós estamos precisando é arrumar a nossa casa. Transformar o sistema, torná-lo mais efetivo. A melhor idéia que surgiu neste quesito é o Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania), porque é um programa que pretende atuar preventivamente com os jovens.

    CB – Os últimos dados sobre violência no país indicam qual tendência? Como a Bahia se insere neste quadro?

    CG- O Brasil, de uma maneira geral, caminha para uma queda no número de homicídios, mas a Bahia está na contramão. Porém, um dado choca mais: subiu em todo o país o número de mortos em confrontos com a polícia. Em alguns estados, estas mortes chegam ao dobro do que é registrado pela polícia dos Estados Unidos. Com a diferença de que lá o policial que mata alguém é afastado das funções, julgado e em boa parte dos casos há condenações. Aqui a gente não nota isso. Não existe uma norma geral no Brasil para tratar o caso do policial que mata alguém. São Paulo, que é o estado que mais reduziu o número de homicídios por grupo de cem mil pessoas, adotou a seguinte prática: a partir do terceiro confronto em que um policial tiver disparado sua arma, ele é afastado das ruas para se investigar o que está acontecendo. Aqui na Bahia, nós não temos sequer notícia do que é feito nesses casos.

    CB – Esta visão que o senhor observa na fala do presidente também se alastra nos órgãos de segurança pública na Bahia?

    CG – Sim. A visão de segurança pública correta é a de evitar que alguém venha a correr perigo, que alguém seja vítima de um crime. Nós concebemos segurança pública numa visão apenas judicial. Tanto é assim que a Secretaria Nacional de Segurança Pública está subordinada ao Ministério da Justiça e a maioria dos secretários de segurança é composta de delegados da Polícia Federal (o atual secretário César Nunes foi superintendente da PF baiana; o seu antecessor, Paulo Bezerra, também). A mentalidade é voltada para apuração do ilícito e não para preveni-lo. A atenção toda está focada na parte repressiva, que nem é implementada de maneira correta. Só a parte repressiva não resolve o problema da violência.

    CB – A versão da polícia é que há uma relação direta entre o tráfico de drogas e as últimas chacinas. Como o senhor vê esta questão?

    CG – Eu acho isso estranhíssimo. Porque estas chacinas não encontram paralelo com a ação do tráfico em outras localidades: a de fuzilar pessoas inocentes num bar. Não tem paralelo na história da criminalidade brasileira este número muito grande de chacinas, com criminosos atirando a esmo em pessoas inocentes.

    CB –Qual seria a explicação?

    CG – Isso tem cheiro de outra coisa. Tem cheiro de manipulação, de gente que está querendo assustar a população. O traficante não tem interesse em, necessariamente, assustar a população. Esses crimes talvez sejam ações de milícias, talvez não. Mas são casos mais característicos de milícia do que do tráfico. Parece mais lógico a este tipo de crime que está acontecendo. Repito: as últimas chacinas não obedecem ao padrão do tráfico.

    CB – Dentro desta perspectiva já temos a atuação de crime organizado em Salvador?

    CG - Não existe crime organizado. Existe Estado desorganizado. Temos que imaginar o seguinte: não temos um cadastro nacional de identidade, não existe um cadastro nacional de conta bancária. Não existe cadastro nacional dos cartórios. Nós temos um Estado desorganizado. Não temos prestação de contas em matéria de segurança pública. Nós temos uma taxa de elucidação dos homicídios em torno de 1% (A Delegacia de Homicídios divulgou ano passado que era de 14%) Um crime de morte de um ser humano não pode ficar sem elucidação.

    CB – Quais as medidas que o senhor aponta para a solução do problema da criminalidade?

    CG – Parceria entre a polícia e escola para formar cidadãos. Policiamento ostensivo nas periferias com os policiais que conheçam os membros da comunidade e que não fiquem dentro das viaturas. Falar em direitos humanos sim, mas tem que haver uma relação direta entre o verbo e a ação. E divulgar de maneira transparente os dados sobre violência à população, para que os cidadãos possam avaliar com consistência o serviço de segurança pública que recebem.

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5 comments untill now

  1. rodolpho villas boas neto @ 2008-08-03 00:03

    COM CERTEZA O”ESTADO É QUE ESTA DESORGANIZADO BEM DEZORGANIZADO” O QUE ESPERAR DE UM POVO QUE NÃO PERCEBE NÃO VÊ QUE OS SEUS DIREITOS INDIVIDUAIS E ALIENAVEIS ESTÃO CORRENDO SÉRIOS PERIGOS AO INVÉS DE COMBATEREM OS “DEMAGOGOS” QUE ESTÃO NA MIDIA NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E QUE ESTÃO AOS POUCOS ACABANDO COM A NOSSA RAÇA PREFEREM ASSISTIR A JÓGOS DE FUTEBOL,ENCHER A CARA EM BOTÉCOS, PATROCINAR TODA ESSA CORJA DE PESSOAS DAS PIORES ESPECIES QUE ESTÃO TIRANDO O PROVEITO DA CITUAÇÃO E FICANDO CADA VEZ MAIS FÓRTES ESTA MAIS DO QUE NA HÓRA DE NOS RENUIRMOS PARA UM RAPIDO E VIOLENTO CONTRA ATAQUE TEMOS QUE PRECIONAR ESSA MIDIA NOS JORNAIS, NOS SITES DA INTERNET,NAS TV,S,NA POLITICA E ETÇ… SORTE NÓSSA AINDA DE EXISTIR AQUI NO BRASIL MEIOS COMO ESTE PARA ESPRESSARMOS A NÓSSA INDIGNAÇÃO E REVOLTA POR ESTES POLITICOS MALDITOS DEMAGOGOS TEREM TIRADO UM DIREITO INDIVIDUAL INVIOLAVEL E SAGRADO NOSSO MAIS ME PARECE QUE NINGUEM PERCEBE O QUE ACONTECE NOS OUTROS MEIOS DE INTERNET,JORNAIS E TELEVISÃO ESTAMOS SENDO SEMPRE ATACADOS POR UM BANDO DE “CANALHAS SEMI ANALFABÉTOS PESSOAS QUE SÃO COMO RAPOZAS” EU FUI O UNICO QUE COMPROU UMA BRIGA COM UMA SENHÓRA QUE FALAVA DE MAL DE NÒS DA LIBERDADE DOS NOSSOS DIREITOS GOSTARIA QUE QUE OUTROS PRÓ ARMAS COMO EU TAMBEM SOU NOS UNICIMOS PARA PRECIONAR ESTES OPRESSORES “PISEUDOS DITADORES” QUE FALAM UM MONTE DE BESTEIRAS TUDO ENCINADO E A MANDO DE MEIOS ESCUZOS DE TV,JORNAL,INTERNET,ONG,S CANALHAS QUE PERSEGUEM OS NOSSOS DIREITOS E DENDEM BANDIDOS ,CRIMINÓSSOS,TRAFICANTES ,ASSALTALTAQNTES,SEQUESTRADORES,INVASSORES E ETÇ…ETÇ.. LEMBREM-SE UMA GUÉRRA NUNCA SE GANHA SÓZINHATEMOS DE NOS UNIR CADA VEZ MAIS E NOS FORTALECEMOS POIS SAIBA “ESTES CACHORROS SAFADOS E ANALFABÉTOS” FALAM MAL DE NÓS TODA HÓRA NOS SITES NOS JORNAIS NA TV COMO SE FOSSEM DEUSES BASTIÕES DA VERDADE E DA SABEDORIA VAMOS NOS IMPOR VAMOS INCOMODALOS VAMOS COM TUDO DO MESMO JEITO QUE ESSES MALDITOS DESGRAÇADOS SAFADOS DEFENSORES DO FAMIGERADO DESARMAMENTO DOS JUSTOS DOS BOMS DOS HONÉSTOS VEM SOBRE NÓS VAMOS REAGIR VAMOS MOSTRAR QUE TEMOS RAÇA FORTE E QUE NÃO SOMOS PALHAÇOS PARA VAGABUNDO ESQUERDISTA NENHUM SE METER COM NÓS

  2. Como gostaria de conhecer o Carlos Alberto!!ele falou o que realmento está acontecendo.
    Que serviço de inteligencia temos para investigar crimes? Quem fiscaliza a policia? Quem confia nessa policia? Quantos policiais comentem todo tipo de crime? e quantos estão afastados e presos?
    Pq Salvador estar toda fatiado por empresas clandestina de segurança? Quem sao os donos? sao civis? o quee acontece com os moradores que não aceita pagar?
    Pq policias só trabalham quando a televisao estar filmando? Quantos crimrs são praticados por carona de motos? Onde estão esses graficos? Pq não proibe carona de motos? Quem são realmente esses motoqueiros???
    Cadee o delegado que dizem que foi preso por está embriagado e ameacando as pessoas?
    Onde está preso o policial que matou um padre com um murro no cabula? O delegado que foi preso com um carro roubado já foi para cadeia? Ou ainda estamos pagando o salario dele?
    Precisamos acabar com essa proteçao miseravel, se não acabamos com a bagunça na nossa casa ,como vamos resolver as pendencias da populaçao?.
    Pq salvador tem tanta festas? como arrumar dinheiro para curtir esses aproveitadores da burrice dos idiotas?
    Salvador é atualmente o pior lugar para viver,Aracajú é mais organizado.Vamos divulgar a verdade!REALMENTE O TRABALHO DA POLICIA TEM QUE SER PREVENTIVO E NÃO CORRETIVO. COMO SE DEDICAR A POLICIA E AO MESMO TEMPO ADMINISTRAR EMPRESAS DE SEGURANÇA?? Pq temos que pagar duas vezes para a policia fazer o mesmo trabalho??.

  3. Dalton C. Rocha @ 2009-07-20 11:02

    Desarmamento é só para as vítimas.Na “indústria” do crime no Brasil, não existe crise.

  4. Marcelo Pereira @ 2009-07-21 14:59

    Exatamente, os criminosos estão cada vez mais à vontade, enquanto cretinos pacifistas pregam a covardia como solução.

  5. Rodolfo Villas Boas Neto @ 2009-07-21 23:18

    Amigos senhores Dalton e Marcélo Pereira
    O que se pode esperar de um Pais em que a Industria do Crime e Criminóssos tem apoio não só
    do Maldito Governo Petista
    mais como da Midia mais Imoral do Planeta?
    Essa ladinha de Desarmamento começou na época do FHC que não era Petista porem foi um dos maiores Traidores da Patria ele e Lula podiam-se casar e ir passar a lua de mel no inferno ambos detestam
    a Liberdade Individual
    E não pensem que com o Serra ou Dilma na Presidencia vai melhorar porque não vai! infelizmente
    Só Nós Podemos nos Salvar
    estamos acuados amedrontados sozinhos em uma ilha de corrupção prostituição e Narcótisismo Desses mensageiros do Diabo ditos PaciFacistas e suas ONG,S que protegem bandidos!!!!!! m
    Grato..

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