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    Por 45 votos a 34, foi derrotada no Plenário do Senado na madrugada desta quinta-feira (13) a proposta de emenda à Constituição (PEC) 89/2007, que prorrogava até 2011 a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras ( CPMF ). A Desvinculação de Receitas da União ( DRU), constante da mesma PEC, foi aprovada por 60 votos a 18, em primeiro turno.

    Com esse resultado, a cobrança da taxa de 0,38% sobre a maioria das transações bancárias deixa de ser feita a partir do dia 1º de janeiro próximo. O governo poderá tentar recriar a contribuição, de modo a contar com uma receita de cerca de R$ 40 bilhões anuais. Mas, para isso, precisará enviar ao Congresso uma nova proposta de emenda à Constituição, cuja tramitação começará novamente da Câmara dos Deputados.

    Para aprovar tanto a CPMF quanto a DRU, o governo necessitava de 49 votos, 3/5 da composição da Casa. Mesmo que tivessem votado o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), ausente, e o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), voto de desempate, o governo só teria atingido 47 votos.

    A aprovação da DRU foi conseguida com argumentos de que o mecanismo permite a reserva de recursos para o superávit fiscal, equilibrando as contas públicas e garantindo, portanto, a confiança dos investidores.

    - Sem a DRU, comprometeremos a estabilidade econômica – disse o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

    Para os líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do DEM, José Agripino (RN), a DRU desvia para o pagamento da dívida recursos que poderiam ser investidos na saúde, mas liberaram o voto das bancadas.

    Os encaminhamentos de votação foram iniciados às 18h, com discursos acalorados. De início, a tribuna foi ocupada pelos defensores da CPMF, que fizeram apelos veementes pela aprovação da matéria. Às 21h50, quando a oposição já dava como certa a rejeição da PEC, o debate foi agitado pelo boato de que uma carta assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a promessa de utilização total da CPMF com a saúde estava circulando entre os senadores.

    Às 22h30, Romero Jucá pediu a palavra antecipadamente. Rememorou as negociações no Senado e anunciou que trazia duas cartas endereçadas ao presidente do Senado, uma assinada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio, e outra assinada pelo próprio presidente Lula, encaminhando a primeira.

    A carta dos ministros (um comunicado conjunto em termos genéricos) foi usada para embasar dois caminhos de negociação apresentados por Jucá: um deles seria o aumento dos gastos com a saúde em R$ 29 bilhões, e não mais R$ 24 bilhões, conforme sugestão do Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A CPMF seria prorrogada por um ano apenas, enquanto se discutisse uma proposta de reforma tributária.

    O outro caminho seria o aumento gradual da parcela da CPMF com a saúde até atingir, em quatro anos, o total da arrecadação, calculado em R$ 36 bilhões. Nessa hipótese, a CPMF seria prorrogada por quatro anos.

    A idéia de Jucá era interromper os encaminhamentos para a retomada das negociações nesta quinta-feira (13). O DEM e o PSDB, entretanto, recusaram esse entendimento, mantendo posição favorável à votação ainda na noite de quarta.

    - Esse é um fato novo. Poderemos perder, mas está aqui e a decisão é do Senado – disse Jucá.

    - Esta é uma proposta intempestiva, de última hora. Não merece consideração neste momento – disse José Agripino

    - Não sei por que essa proposta não veio antes. Recebo com respeito e simpatia a carta dos ministros. Mas só depois dessa votação, abriremos negociações. E estaremos prontos a negociar tão logo, votemos a CPMF – reforçou Arthur Virgílio.

    O debate prosseguiu até que às 0h05 desta quinta-feira (13) o senador Pedro Simon (PMDB-RS), voto declarado a favor da CPMF, pediu que a votação fosse adiada para que “todos pudessem refletir” sobre a matéria, evitando uma vitória ilusória para qualquer um dos lados. A iniciativa foi duramente criticada por Virgílio. Os dois trocaram reprimendas, mas uma hora depois um abraço caloroso pôs fim ao conflito.

    Às 0h55, Garibaldi colocou a matéria em votação. Agripino propôs que se votasse em separado a DRU, mecanismo que permite a manipulação de recursos da ordem de R$ 40 bilhões. Com exceção do líder do PSOL, senador José Nery (SE), houve concordância com a proposta de Agripino.

Nelson Oliveira / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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2 comments untill now

  1. Francisco Xavier @ 2007-12-13 07:30

    Esta foi a primeira e grande derrota do Governo. Finalmente, prevaleceu o bom senso. Curioso que segundo o jornal OESP o governo sofreu também uma derrota em nível internacional. Vejam o comentário de O Estado de São Paulo, de hoje, sobre a viagem de Lula.

    “Visita de Lula a Chávez perde objetividade
    Criação de companhias mistas é adiada e adesão da Venezuela ao Mercosul aguarda aprovação

    por Dense Chrispim Marin

    Caracas – Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, da Venezuela, vão amargar uma espécie de antiagenda no encontro que manterão hoje em Caracas. Ao contrário do previsto, não será anunciada a criação das duas companhias mistas que vão operar os investimentos da Petrobrás e da Petróleos de Venezuela (PDVSA). Tampouco haverá qualquer declaração ancorada na realidade sobre a aprovação do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul neste ano, como fora programado em setembro, quando ambos se reuniram em Manaus.”

  2. rodolpho villas boas neto @ 2008-05-02 13:03

    QUALQUER QUE SEJA A DERROTA DESSE GOVERNO DESGRAÇADO DO PT AMIGOS DE BANDIDOS, È DUAS BENÇÂOS DUAS MESMO

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